Livro Finalista do Prêmio Jabuti e Vencedor do Prêmio São Paulo de literatura em 2016. “Quando eu nasci, sob o sol daquele mês de janeiro, o medo estava no meu primeiro choro. O mesmo medo que hoje ainda vive em mim. Um medo genético passado de pai para filho, de avô para neto. Um medo que subiu e desceu as montanhas, que atravessou o oceano num navio e veio se misturar ao fluido amniótico que me envolvia no ventre materno. O medo estava nos olhos da minha mãe na hora do parto, nas mãos suadas do meu pai e no corpo inteiro do médico que me segurava pelos pés. O medo estava na corda envolvendo os pescoços de Adib e Rafiq e estava nas mãos do algoz que forjou o seu nó. Aprendi que o medo nos preserva de viver e nos dá a morte em vida. O medo também nos torna cruéis e, escravos dele, podemos nos tornar assassinos. E é da morte que todos da nossa família têm medo desde sempre.