O protagonista de A Trégua, Martin Santomé, perdido nos meandros da mediocridade parece só ter passado: o da morte prematura de Isabel, sua mulher falecida aos vinte e oito anos. Não pode existir memória na rotina de uma escrivaninha, atrás da qual ele construiu sua vida e onde aguarda sua morte, escondida sob equívoca aposentadoria. Quarenta e nove anos são tempo demais para um homem que vê o paulatino desaparecimento de suas pequenas alegrias (três filhos que acabam se revelando tão distantes como a face de uma mulher), que se entrega à vida sem exigências e sobressaltos, para quem o futuro não é mais do que o desejo de um repouso.