O presente estudo sobre as “Serpentes do Pantanal” é um trabalho de equipe que exibe as fotografias das cobras e sua individualidade taxonômica em um pequeno álbum de interesse científico e didático, sob rigoroso controle metodológico. O grupo de pesquisadores envolvido no trabalho já editou um estudo similar sobre as serpentes da Mata Atlântica. É exatamente esse fato que concede especial interesse científico ao novo trabalho ora publicado. Daqui por diante, será possível cotejar as possíveis diferenças morfológicas entre as cobras do Brasil Tropical Atlântico e as serpentes que vivem do outro lado do Planalto Brasileiro, em diferentes hábitats do Pantanal mato-grossense. Tratam-se de viventes animais que, antes que possam se extinguir, devem ser registrados por diferentes critérios. Pensamos que, a partir da prévia do pequeno álbum, será possível aperfeiçoar, mais tarde, a distribuição espacial, levando em conta a originalidade fitogeográfica da grande depressão pantaneira. O Pantanal mato-grossense é a faixa de transição mais complexa existente no centro-sul do continente, sendo envolvido pelo domínio dos cerrados, a pré-Amazônia e o Chaco Oriental. É uma planície de origem complicada, com mais de 120.000 km2, embutida entre bordas de planaltos, serrarias do norte, pequenas serras fronteiriças florestadas e regiões cársticas semi-montanhosas do sul. Nesse sentido, é uma região ideal para estudos sobre redutos e refúgios, heranças de uma seqüência de episódios geológicos, geomorfológicos e paleoclimáticos que vem se estendendo pelo menos há 15 milhões de anos (dos fins do Pleistoceno ao Holoceno). Essa é a razão pela qual este álbum sobre as Serpentes do Pantanal é um trabalho altamente instigador para pesquisadores dotados das mais diferentes formações interdisciplinares. Tenho a certeza de que o Professor Paulo Emílio Vanzolini, grande mestre do estudo sobre répteis neotrópicos, virá a gostar do trabalho ora editado. Parabéns a toda a equipe inter-universitária envolvida na elaboração do livro