O local é o entorno goiano do Distrito Federal, nos municípios de Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto e Luziânia, em terras do que foi um dia o julgado de Santa Luzia, por muito tempo conhecida como das marmeladas. Por volta do vigésimo dia do mês de maio, há aproximadamente trinta anos, centenas dos habitantes das mais diferentes moradias da região, das mais pobres às mais ricas, têm a sua rotina alterada por um acontecimento longamente esperado. Rompendo com o ordinário de seu cotidiano, várias fazendas e sítios recebem, durante mais de dez dias, duas bandeiras vermelhas, cada uma com uma pomba branca pintada no centro. Neste cortejo precatório, votivo e rogatório, em verdadeiro sentido de trocas simbólicas, homens e mulheres de todas as idades rezam, cantam, dançam, comem e bebem. Em ritos espetaculares que se repetem de porta em porta, fazem um trajeto circular denominado giro da folia, que inclui os pousos festivos em algumas das dezenas de moradas por onde passam. Pedem esmolas em nome de uma santidade sempre presente nas invocações de um grupo muito especial de fiéis: os devotos do Divino Espírito Santo.