O caráter polêmico do tema deste livro, a questão da autoria, funda-se na não obviedade do sentido do termo, embora, independentemente de qualquer consideração teórica, seja concebido uma performatividade criativa em áreas artísticas como a literatura, a música, a pintura, a arquitetura, etc. Nessa perspectiva, ser autor significa ser reconhecido como aquele que altera o ordinário da linguagem, dando-lhe um tom inusitado, ou ainda, aquele a quem é atribuída a origem e a propriedade de uma obra, aspectos ligados a uma concepção fundamentalmente empirista de sujeito. [...] É isso que se apresenta nos textos desta coletânea que se organizam a partir de dois vetores conceituais mencionados anteriormente: de um lado, a enunciação, principalmente a reflexão sobre autoria produzida por Foucault; de outro, o discurso, na perspectiva pecheutiana desenvolvida por Orlandi (Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1996), que ressignifica o tema sob outros parâmetros, embora também se façam presentes, de forma proeminente, Authier-Revuz, Bakhtin e Lacan.