O ano é de 1993. Em seu estúdio situado em Roma, na corso d´Italia, Federico Fellini recebeu diversas vezes Goffredo Fofi e Gianni Volpi para uma longa entrevista fadada a se tornar memorável. O tema das conversas não é tanto o seu cinema, mas o cinema propriamente dito, que, como o cineasta afirmava, tomou toda a sua vida. Na presença de seus entrevistadores, o grande diretor se deixa levar por uma série de lembranças, divagações e reflexões sobre si mesmo e sua arte. Em sua fala, nota-se o fascínio com que Fellini sabia seduzir todos os seus interlocutores, mas atrás do qual, como enfatiza Fofi, era impossível não notar "uma melancolia profunda, especialmente nos últimos anos, e talvez uma falta de esperança. O cinema havia mudado, a televisão tinha suplantado e castrado o cinema. E, ainda por cima, o seu cinema disfarçava cada vez menos o sentimento de morte, que pertencia a toda uma civilização". O livro contém ainda alguns comentários de Fellini sobre seus filmes, bem como trechos de algumas entrevistas a diretores norte-americanos, ou europeus em atividade nos Estados Unidos, e oito fotos de Paul Ronald feitas no set do filme 8 ½.