Versos simples e surpreendentes como "Só o arco-íris/ pode pintar/ o ar" formam este livro de poemas de Lalau. Ele mostra que a poesia está nas idéias mais corriqueiras. O ritmo e a sonoridade usados pelo autor mudam a maneira de perceber as palavrasCom uma poesia que dá destaque à beleza das coisas simples, Lalau compõe versos surpreendentes. Em Quem parece o quê, algodão parece neve, joaninha parece catapora e garoa parece seda. Lalau faz com que as crianças prestem mais atenção às palavras, levando os pequenos leitores à surpresa e ao espanto da descoberta. Alguns poemas invertem o sentido com que estamos acostumados a perceber a natureza e os objetos. No poema Quem quer o quê, é a chuva que quer a planta e não o contrário, como era de se esperar. No mesmo poema, a água quer a sede e o samba quer o pandeiro. Por meio do ritmo e da sonoridade, Lalau cria novas e poéticas relações para as coisas do mundo, como nestes versos: "Histórias têm livros,/ Tesouros têm piratas,/ Vacas, bois.// Lágrima tem saudade,/ País tem mapa,/ Antes, depois."