A vida tem suas sinuosidades e, mesmo, beiras de precipícios. Momentos ou fases de perplexidade muito freqüentemente gerados por diversos tipos de perdas. Ora um espírito sensível sofre a ruptura com o acolhimento familiar, por lamentáveis desgastes de relacionamento conjugal; ora alguém principia a envelhecer, com duro sentimento de ter desperdiçado a vida e de se encaminhar, melancolicamente, para o crepúsculo e para uma noite desconhecida; ora, também, seres atônitos sentem ter perdido a si mesmos por labirintos narcísicos. E, na maior e mais cruel das perdas, muitos arrastam a saudade de filhos ou filhas mortos ainda crianças ou jovens (ou em qualquer idade). Algumas dessas vidas se sentem tombadas em inevitáveis precipícios, precisadas de um socorro de dimensões transcendentais. Perdas são sempre perdas. Mas há uma dialética quase mágica na vida que, embora não diminua sofreres e saudades, faz muitos seres humanos crescerem em seu sofrimento. Algo como ganharem com as perdas, desde que se disponham a aprender com o sofrimento.