A incomunicabilidade entre os casais, a dificuldade em entender o outro, as armadilhas do amor. Tudo isso embrulhado em um enredo lúdico e bem articulado, que resgata o prazer da leitura. Definindo O marido perfeito mora ao lado como uma história de amor, Felipe Pena enreda o leitor com as diferentes narrativas sobre aspectos diversos da alma e do cotidiano. “Quero fazer o leitor virar a página. Se você disser que não conseguiu largar o livro terá feito o melhor elogio que eu posso receber. Esse será meu maior prêmio”, afirma o escritor. Em seu segundo romance, Felipe — um dos articuladores do Manifesto Silvestre, em defesa da narrativa, do entretenimento e da popularização da literatura — mescla paixões, sociopatas e obsessões dentro de uma trama policial contemporânea, situada no Rio de Janeiro. Personagens típicos da cidade ajudam a retratar as discrepâncias sociais e a convivência aparentemente democrática de tipos heterogêneos, sem deixar de lado a crítica social. Mais que uma obra ficcional, o livro é uma caricatura psicanalítica. Estão aqui o marido que trai a mulher com sua complacência, a amante que quer acreditar na sinceridade do amado, a amalucada que quer destruir quem se envolve com o objeto de sua paixão... As perguntas eternas: por que nunca estamos satisfeitos com o que temos? Por que a grama do vizinho é sempre mais verde? Por que descobrimos um amor quando estamos na iminência de perdê-lo? Em O marido perfeito mora ao lado, somos apresentados a uma mulher angustiada que busca a ajuda de uma terapeuta para salvar o casamento. Mas logo percebemos que a angústia é compartilhada por outros personagens, até mesmo pelos bem casados (ou principalmente por estes, como diz um deles). Então ocorre um crime. E os terapeutas farão o papel de investigadores. Quem é o culpado pela incomunicabilidade entre homens e mulheres? Uma questão que nem Freud foi capaz de resolver, embora passemos a vida atrás da resposta.