A obra de voltaire é tratada neste livro como um rico instrumento político contra a intolerância religiosa do período absolutista francês. A partir da correspondência de Voltaire, a autora analisa suas estratégias discursivas, por um viés retórico e, por conseguinte, político, na defesa de Jean Calas, comerciante incriminado da morte de seu próprio filho por erro judiciário e cuja família é tomada pelo filósofo como exemplo da perseguição da monarquia católica aos protestantes, no que ficou conhecido como Affaire Calas. As reflexões de Voltaire sobre esse caso dirigem-se, em particular, para o questionamento do filósofo sobre a necessidade de aparato jurídico para a defesa do livre-pensamento religioso e inscrevem-se, de forma geral, dentro do contexto maior de suas indagações sobre o racionalismo e a igualdade de direitos individuais.