JURUÁ Editora nos brinda com a reedição da obra O JULGAMENTO DE OTELO, evento que alcançou grande repercussão à época. E o faz no ano em que se restaura a sede histórica do CAHS e se reinaugura a sua subsede social. São momentos de grata revitalização da vida acadêmica. A comunidade jurídica há muito aguardava o relançamento do valioso opúsculo, que registrou para a história o julgamento simulado do ato trágico protagonizado por Otelo e Desdêmona. O local escolhido foi o Teatro Guaíra, obra ainda inacabada, com tijolos à vista, tarugamentos, meia-luz, ambiente quase surrealista. Pela vez primeira fez-se uma transmissão externa de televisão em nosso Estado. Ainda como calouro, fomos sorteados para compor o júri. Do memorável jogo dialético entre acusação e defesa, representado por dois magos da palavra, VIEIRA NETTO e ARAÚJO LIMA, resultou surpreendente empate. E, com ele, a absolvição do mouro de Veneza: in dubio pro reo. Mas quando todos esperavam o epílogo do espetáculo, eis que PAULO AUTRAN, protagonizando o acusado em suas vestes típicas, levantou-se de súbito e declamando monólogo da peça, como se SHAKESPEARE o houvesse escrito para aquele momento, puxa de sua adaga e se apunhala em auto-sacrifício. A platéia, já de pé, assistiu incrédula àquele espetáculo. São imagens gravadas em nossa retina, que o tempo não apagou e que agora, na releitura do texto, ainda nos provocam forte emoção. A obra ainda está enriquecida pelos comentários de WILSON MARTINS e RENÉ ARIEL DOTTI, nomes consagrados nos meios literários e jurídicos. É OTELO que revive a sua saga e nos provoca novas e intensas reflexões, sobre os mistérios da alma humana, a propor novos desafios na tarefa de compreender a vida e preservar o amor do enredo de um destino cruel. Desembargador OTO LUIZ SPONHOLZ Presidente do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ