História de Augusto Carneiro. É um menino sensível, criado entre mulheres. É um menino inteligente, inteligente o bastante para julgar-se ignorante. As impressões do ambiente o atordoam, pois ele percebe mais do que em geral percebem os outros meninos e, ao mesmo tempo, não consegue atribuir um significado claro àquilo que percebe. É um menino assustado, imerso em um clima de violência sem nome. Uma violência que já o atingiu no corpo e que lhe oprime o espírito. Ele arde de raiva mas nada há que ele possa fazer com esse sentimento profuso que o ocupa. É apenas um menino, e ignorante, e impotente. Mas não para sempre. Augusto não é mais um menino no dia em que se junta a uma turba irada na Rua da Praia. Ele agora tem dezenove anos e desígnios definidos. Teria ido à guerra em país estrangeiro, três anos antes, se as circunstâncias não o tivessem impedido. Teria ido porque o mal sem nome que o afligia na infância agora tem nome. [...]