Quem move as peças é uma novela que provoca o limiar entre a ficção e a realidade, ao evocar fatos históricos e colocar lado a lado – às vezes, em diálogo – personagens fictícios e figuras históricas. Num tom, em geral, humorístico, o autor desencava memórias coletivas e individuais, como nos casos da segunda Guerra Mundial e dos diários do próprio avô, o judeu Heinz Magnus, que migrara para a Argentina justamente durante o conflito. Não hesita em misturar essas memórias e, vez ou outra, levantar, sem nenhum tom professoral ou pernóstico, questões filosóficas, sobretudo existenciais. Manipulando uma série de outros textos – a novela se abre com um trecho de Stefan Zweig -, Ariel Magnus demonstra seu conhecimento técnico em relação ao fazer literário, oferecendo ao leitor um tabuleiro (com duplo sentido!) com inúmeras peças para serem movidas com argúcia.