Este livro aborda um aspecto central da obra do mé­dico e cientista natural Wilhelm Reich (1897-1957), aspecto esse que perpassou sua produção e alinhavou suas realizações clínicas, laboratoriais e epis­temológicas: o tema da sensorialidade. Rastreando certo conjunto de influências que o cientista recebeu de diferentes áreas do conhecimento Biologia, Neurologia, Psicologia, Psicanálise, Teoria do Conhecimento e resgatando uma série de proposições clínico-terapêuticas, experimentais e metodológicas estritamente reichianas, o autor do presente estudo pôde constatar que Reich formulou, ao longo de seu trabalho, uma inovadora (e ainda pouco conhecida e explorada) concepção sobre o fenômeno da sen­sação. Ao averiguar a apreensão sensorial, por um lado, como propriedade básica da matéria viva e, por outro, como elemento central na produção humana de conhecimento, Reich se esforçou em contemplar, de forma original, dois aspectos extremos da sensorialidade: suas raízes filogenéticas e sua dimensão epis­temológica. Articulando dialeticamente esses dois níveis, o cientista propôs que a sensação, ainda que tivesse, a seu ver, origens bioenergéticas ancestrais, é continuamente modelada, em seres humanos, por uma estrutura de caráter que é construída histórica e politicamente.