A obra analisa o papel desempenhado pelo Movimento Sanitário no processo de abertura de uma janela de oportunidade que resultou na instituição do Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio de práticas discursivas em torno da questão sanitária, o Movimento Sanitário conseguiu desnaturalizar o então discurso hegemônico na saúde e ressignificar para outros atores a necessidade de democratizar o acesso à saúde como uma das condições basilares para o alcance da cidadania. A partir dos arcabouços teóricos da Análise Crítica do Discurso, do modelo de Múltiplos Fluxos de Kingdon e dos conceitos de Policy Network e Advocacy Coalition Framework, defendo as hipóteses de que o Movimento Sanitário conseguiu empreender ações para criar uma janela de oportunidade para o estabelecimento de uma agenda para a questão sanitária; aumentou a propensão de outros atores para a colaboração e desenvolvimento de ações coletivas em torno da questão sanitária, e de que as práticas discursivas desenvolvidas conseguiram enfeixar as demandas de outros atores em torno da necessidade de uma mobilização social para a viabilização de um sistema de saúde universal e igualitário.