As autoras buscam, neste livro, pela perspectiva de Foucault, com propriedade e aprofundamento teórico, qual discurso do professor embasa sua atitude em relação à sexualidade do aluno, ou melhor, que discurso fundamenta sua relação com a sexualidade deste aluno e que possa estar interferindo nas dificuldades escolares. Argumentam como os indivíduos, constituídos pelos discursos históricos, monitoram e controlam a sexualidade de seus corpos. Tais discursos estão inseridos e são, portanto, propagados pelas instituições. Pela análise das entrevistas, concluem que o professor acaba por reproduzir os discursos e poderes da sociedade em que vive, por exemplo, a classificação de patologias em relação à sexualidade, endossada pela ciência, como norma e verdade. Como possibilidade para que a constituição de uma subjetividade seja menos controlada por esse mecanismo vigente e autoritário, baseadas em Foucault, seria a comparação com outros discursos possíveis como forma de resistência aos cristalizados. Ressaltam a importância dos protagonistas (professores e alunos) pensarem e poderem discutir sobre a própria sexualidade, no cuidado de si, como conceito foucaultiano, possibilitando a reorganização do próprio discurso em relação a essa temática.