Leonardo Nogueira oferece com esta obra uma importante contribuição ao processo de consolidação da produção feminista crítica e materialista no Serviço Social. Resultado de uma trajetória acadêmica e profissional sintonizada com o projeto Ético-Político do Serviço Social e com as lutas de sujeitos políticos vinculados à classe trabalhadora, em particular, o feminista e LGBT, o autor, com rigor teórico-metodológico ancorado no marxismo, possibilita às leitoras e aos leitores uma análise, em uma perspectiva de totalidade, do capitalismo e suas relações estruturalmente patriarcais e racistas. A obra, portanto, é um diferencial no campo dos chamados estudos de gênero, pautados, hegemonicamente, pelas análises pós-estruturalistas. Tendo por base a tríade patriarcado-racismo-capitalismo, Leonardo Nogueira particulariza o Serviço Social, analisando repercussões desse sistema à profissão, dando destaque às determinações da divisão sexual do trabalho e a relação do feminismo para o projeto ético-político. Em poucas palavras, o autor defende a afinidade entre o feminismo materialista e o atual projeto profissional, no sentido da sua contribuição para a superação de conservadorismos e, portanto, do necessário (e contínuo) processo de renovação profissional. Em torno dessa defesa, surge a problematização motivadora da dissertação que deu origem a esta obra: como a profissão incorporou, nos últimos dezesseis anos, os estudos sobre a categoria gênero no âmbito da produção do conhecimento na área? Leonardo Nogueira nos responde com competência analítica o seu problema de pesquisa. Esta obra nos evidencia que não basta incorporar os chamados estudos de gênero na profissão. É preciso saber como incorporamos e em qual teoria e método ancoramos nossa análise, com o intuito de evitarmos armadilhas do neoconservadorismo e afirmarmos a perspectiva emancipatória, tão cara ao projeto ético-político do Serviço Social.