À medida que o capitalismo lança suas raízes nas sociedades periféricas, um processo de modernização de características específicas segue seu curso. No país como um todo, as marcas da escravidão ainda estão vívidas; na cidade de São Paulo, a nova elite cafeeira procura apagar os vestígios do seu passado escravagista utilizando as divisas obtidas com a venda do café para trazer, entre outras coisas, as novidades da moda da “Belle Époque” europeia. A cidade vive uma época de transformação urbana, com a abertura de ruas e avenidas, melhorias no âmbito do saneamento e instalação da iluminação elétrica; cria-se, assim, um ambiente favorável à construção de novos imóveis – alguns palacetes – pelas famílias abonadas que almejam adquirir um verniz europeu. A pesquisa que norteou a realização desse livro partiu dos aspectos característicos da modernização de São Paulo para concentrar-se no papel desempenhado pelo comércio de luxo na mudança dos hábitos e do modo de vida das classes urbanas.