Por que pesquisar o cotidiano? Que saberes e fazeres estão presentes nos universos de tantos professores e alunos e que precisam e merecem ser pesquisados? Estas e outras tantas perguntas, necessárias e de difícil resposta, aparecem nos textos que compõem este livro. A pesquisa no/do cotidiano de nossas escolas e secretarias de educação tem nos ensinado muitas coisas sobre as práticas dos sujeitos da escola, tão pouco ouvidos no universo do saber científico dominante, que se permite negligenciá-los com base na idéia de que esses saberes, que tecem essas práticas e, a partir delas, novos saberes, não sendo científicos, não precisam ser ouvidos pelos cientistas e pesquisadores. Na contracorrente desse pensamento dominante, muitos pesquisadores e pesquisadoras têm se preocupado, de maneira predominante, com os múltiplos contextos cotidianos nos quais vivemos e como neles nos formamos e educamos em rede. A preocupação é buscar nesses cotidianos, para além de entendê-los como lugar de reprodução e consumo, o que neles se cria no uso dos produtos e regras postos pelo poder proprietário. Para desenvolver esses trabalhos, como uso de metodologias de origem sociológica comuns em trabalhos sobre currículo são trançadas outras de origem nos campos histórico, antropológico, etnográfico, comunicacional, psicológico, etnológico etc., pois compreende-se que o estudo desses espaços/tempos exigem a incorporação da sua complexidade, em todos os seus processos. Parte-se, portanto, da idéia da necessidade de um trabalho que desenvolva métodos e metodologias complexos. Resta fazer o convite aos possíveis leitores para também entrar nessa rede, com suas idéias, suas críticas e suas experiências.