Na apresentação de Sergio Viotti, a obra usa como tronco a família Wapshot, faz crescer ao redor dela a sua árvore de invenção frondosa e de imaginação, muitas vezes surpreendente, chocante e inesperada, alcançando a intimidade de outros moradores. Ao mesmo tempo que narra, com acuidade crítica e senso de humor personalíssimo, as aventuras desses personagens espantosos, divertidos, maiores do que a vida em seus atos descontrolados, a momentos ingênuos e simplórios, Cheever vai caminhando cada vez mais fundo e consegue pintar e retratar de uma forma cheia de impiedade atenta (e certo carinho) toda uma sociedade americana, como poucos outros escritores conseguiram. Sob esse aspecto, Cheever é único. Como é personalíssima a sua maneira de escrever, um criador de raro poder de imagens e riquezas, dos mais belos e preciosos detalhes, um homem que ama a palavra, para quem ela tem um imenso valos descritivo e, inúmeras vezes, grave densidade poética.