Este livro busca promover o diálogo de discursos que possam servir à compreensão da complexidade do tema estudado. A busca por uma melhor compreensão tem permitido, em muitos discursos-base de estudo do sistema normativo, se conhecer as culturas jurídicas que neste estão inseridos. As tradições fragmentadas das disciplinas passam a integrar a caixa de ferramentas de que um viajante acadêmico pode fazer uso, na compreensão da complexidade, partindo do fato de que ele nunca poderá abarcar a totalidade, mas sim, ter uma melhor perspectiva da separação daquilo que não está separado (existem, por acaso, limites claros, fora da ciência, entre a norma e a cultura, entre a sociedade e a lei?). Isto é o que anima boa parte desta obra. Se, para melhor compreensão de um fenômeno, for útil o uso de ferramentas (um conceito de outra disciplina, por exemplo), então que estas sejam bem-vindas. Isto explica porque os ensaios que compõem este livro não renunciaram ao uso de pautas interpretativas próprias de outras disciplinas jurídicas, tampouco evitaram o uso daquelas estritamente jurídicas. No entanto, dentro do ânimo de diálogo e de viagem, se escolheram alguns ensaios que, em sua maioria, partem da jushistória, mas que, para o bem ou para o mal, tentam abrir diálogos, para fundir horizontes com outros discursos-base do Direito, em especial com a jusfilosofia. E graças a um bom grupo formado por amigos brasileiros, alguns deles tendo sido antes meus alunos, se pode realizar essa tradução, que agora é apresentada neste livro. Cada ensaio tem sua própria trama e história, que não põem em questão o ânimo de diálogo e viagem acadêmica que unifica, em seu espírito, todo o livro.