Há uma relação terra-território-Estado que rege as transformações da sociedade brasileira e orienta pela permanência – uma mudança para que nada nunca mude – seu movimento reprodutivo infra e superestrutural. A relação espaço-poder tem aí seu papel-chave, numa imbricação de infraestrutura e superestrutura geográfica de enorme efeito. Não por acaso, ali onde o polo econômico está, espaço-temporalmente está o polo político. Indicando a natureza da estrutura socioeconômica e política prevelacente. É assim com a relação cana-açúcar do recôncavo baiano-zona da mata pernambucana e Salvador, a relação café do vale paraibano fluminense e paulista e o Rio de Janeiro e a relação cadeias de agroindústria e Brasília. E que interliga a relação fazenda-Câmara-cidade-município do poder senhorial de ontem e a trilogia executivo-legislativo-judiciário federal do poder majoritário – surpreendente numa sociedade ranqueada entre as 10 maiores potências industriais do mundo e uma população em 86% urbana – da bancada ruralista de hoje. Perfil de uma formação social por isso pautada pelo enigma “Que país é esse?”/”Brasil, mostra sua cara!” da proclamação dos poetas populares que neste livro fazemos nossa.