O poeta paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918) é considerado o fundador da Literatura de Cordel impressa. Sobre ele, bastam as palavras de Carlos Drummond de Andrade: "Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro. Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia." Este livro - situado na interseção entre Poesia e História - faz uma abordagem original do poeta, associando pela primeira vez a sua obra ao contexto político da Primeira República. A fala do poeta é uma espécie de contraponto ao que se costuma afirmar sobre o período, ou seja, de que na Primeira República haveria um "emudecimento" em relação ao popular, emergindo apenas a voz das elites. Aqui, Ivone Maya demonstra que, ao contrário, através dos poemas, o povo é informado de como funcionava o sistema político da época, e o poeta, utilizando--se frequentemente da paródia, da sátira e da alegoria, apresentava essas questões de maneira a ser facilmente assimiladas e compreendidas por seus leitores. O texto põe em evidência o estilo próprio de Leandro Gomes de Barros para tratar dos acontecimentos políticos que são a matéria principal de seus poemas. Abordando esta obra multifacética, O_povo de papel revisita criticamente um período crucial da nossa história através da poesia de um criador que servia sonho e sátira aos seus compatrícios, como disse o poeta de Itabira.