Esse livro enfrenta, tentando decidir, a questão dos textos disputados, uma disputa surgida a partir do momento em que Mikhail Bakhtin, apoiado por seus promotores moscovitas, declarou, no decorrer dos anos 1960, ser ele o autor efetivo da obra maior de Medvedev, bem como da quase totalidade dos escritos de Volóshinov. A tese da onipaternidade bakhtiniana constitui uma fábula à qual uma criança de 10 anos não teria concedido crédito e se inscreve no quadro de uma fraude intelectual e talvez, sobretudo, financeira, na medida em que, em suas versões russas e na imensa maioria de suas traduções, as obras de Volóshinov e de Medvedev continuam a ser publicadas sob o nome de Bakhtin, em benefício dos legatários universais de Bakhtin. Depois de um curto período de ceticismo e de hesitação, essa fábula foi aceita e avalizada por um número crescente de especialistas em literatura. E essa adesão provocou, durante várias décadas, um delírio interpretativo. No decorrer da última década, (...)