Quem foi Tituba? Uma escrava, condenada por feitiçaria, sobrevivente da histeria coletiva e social que, em 1692, resultou nos célebres processos de caça às bruxas com 19 enforcamentos e 50 prisões na aldeia de Salem, próxima a Boston, na Nova Inglaterra, hoje Massachusetts. Retratado por Arthur Miller na peça As feiticeiras de Salem, este episódio tornou-se um símbolo da mentalidade puritana e dos jogos do poder e da justiça no século XVII. Nascida em Guadalupe, nas Antilhas Francesas, a escritora e jornalista Maryse Condé, hoje professora de Literatura da Universidade de Colúmbia, nos EUA, criou um romance a partir da pesquisa da vida desta personagem obscura, esquecida e renegada pela história, descrita como praticante de vodu. A autora deu-lhe Eu, Tituba, feiticeira... negra de Salem uma biografia apaixonante que pode ser absorvida como o resgate de uma época, uma memória trágica sobre o poder e a opressão, um libelo sobre a injustiça, ponto de partida para a investigação de temas da literatura pós-colonial, ou como um confronto entre culturas, colonizados e colonizadores e entre homens e mulheres.