O Canto Alegretense, escrito no quadro pela professora da primeira ou segunda série. A sala de aula enorme e gelada. Armava-se um temporal, o imaginário do potro virando a cabeça na hora de morrer foi o êxtase! Vontade de declamar, cantar, chorar. Foi bem ali o momento exato, o despertar da paixão de colocar sentimentos em palavras. A descoberta do prazer de se entender e fazer as pazes com a vida por meio de tratados intermináveis com o papel. Desde então rascunhos e rascunhos de sentimentos cuspidos preenchendo qualquer espaço com palavras. Criança de caderninho enfeitado com poemas, adolescente de rabiscos rebeldes e adulta que escreve sentimentos atrás da lista de supermercado e das planilhas de trabalho. Era um segredo bem guardado, agora partilhado com quem se interessar.