O presente trabalho - texto original de dissertação defendida na década de 1980 - procura examinar os condicionantes econômicos e políticos da criação de instituições voltadas à formação da força de trabalho industrial, no Brasil, sob o controle do capital e apreender os seus objetivos por meio da análise da sua metodologia de ensino e formas de atuação. As primeiras instituições desse tipo, criadas no Brasil, foram as escolas ferroviárias concebidas e organizadas, a partir da década de 1920, por Roberto Mange. Mais tarde, na década de 1940, elas foram incorporadas a uma instituição de âmbito nacional o SENAI - também criado sob a influência desse engenheiro que havia absorvido e adaptado as experiências européias às condições locais. O exame da metodologia de ensino em uso nessas instituições é efetuado pela análise dos (poucos) textos em que esse engenheiro, professor e mentor intelectual da burguesia paulista modernizante sistematizou os princípios que a norteiam. No caso do SENAI, é examinada a metodologia dos dois cursos que o tem caracterizado: cursos de aprendizagem de ofício e de formação de supervisores. Em ambos os casos, ocorreu influência direta das teorias americanas do ensino industrial, principalmente, a partir do final da década de 1940 quando, em decorrência do Programa Ponto IV, foi criado um centro difusor no Brasil da experiência acumulada nas escolas e centros de treinamentos americanos em termos de formação da força de trabalho adequada às necessidades do capital. Assim, a análise de sua metodologia de ensino foi feita a partir dos escritos dos teóricos americanos e de seus discípulos brasileiros. A atuação do SENAI é avaliada em dois momentos da história recente do Brasil: 1956-1962 e 1967-1973. Esses dois períodos foram escolhidos por serem os que apresentaram maiores taxas de crescimento econômico e profundas transformações na estrutura industrial do país.