Este importante estudo feito por Marlon Gonsales Aseff, com extensa pesquisa em fontes, consultando arquivos brasileiros e uruguaios, além de entrevistas e memórias de muitos indivíduos que militaram ou conheceram militantes daquele período, significa uma relevante contribuição à memória, à cidadania e à história do Cone Sul de nossa América. O autor constrói diferentes fases da relação entre organizações de esquerda, militantes isolados e casas de apoio que existiam em ambos os lados da fronteira. Sua pesquisa recua a períodos anteriores, fazendo digressões a vários conflitos ao longo dos séculos XIX e XX, quando esta fronteira foi acionada - em diferentes momentos - por "blancos" e "colorados" uruguaios, e por "maragatos" e "chimangos" brasileiros. Nem sempre a linha divisória foi um lugar seguro: casos como o de Ripoll, do massacre dos comunistas na praça ou da tentativa ilegal de captura do ex-Deputado Burmann, por policiais brasileiros em ruas de Rivera, são detalhadamente estudados. Marlon chega a uma definição-chave: criou-se, ao longo de anos, uma cultura política de fronteira que se materializava na construção de laços de amizade, negócios, aliança política e solidariedade mútuas que uniam famílias, militantes e organizações nos dois lados da fronteira.