Questões do tipo "o que é religião e por que as pessoas a praticam?" são tão antigas quanto a própria humanidade. Clifford Geertz já parecia nos advertir: Há coisas demais a que chamos religiosas. Definir religião nos leva a um dos problemas mais centrais para os estudiosos da religião. Em tempos atuais, em que somos desafiados a descolinizar o pensamento científico, somos, por consequência, chamados a refletir criticamente sobre os nossos conceitos e categorias. Todavia, o fenômeno religioso não espera pacientemente pelas mentes brilhantes, a religião em verdade desponta no cenário internacional de forma pulsante como um dos fenômenos de maior visibilidade da atualidade, apresentando-se de maneira transformada e multifacetada. Em diálogo com o público e com políticas identitárias reconcilia o subjetivo com o coletivo, a solidão da espiritualidade individualizada com a multidão da efervescência coletiva. Não obstante a reconcialição, ainda assim a religião hoje desafia a visão dita durkheimiana da religião herdada e integradora. Pesquisadores voltam-se para as metáforas simmelianas e chamam a atenção para a pouca fidelidade institucional, para a livre circulação entre as alternativas e a fluidez dos símbolos religiosos. Tornando-se dificil e até inviável analiticamente o uso em oposição das categorias secular/religioso. A complexidade e plasticidade dos modos de pertença e das experiências religiosas são os desafios dos estudiosos da religião hoje. É por isso que o livro Mythos-logos: uma epistemologia dos estudos da religião, com artigos em que o fenômeno/vivência da religião é visto sob vários ângulos e locus científicos, é muito bem-vindo.