A quais necessidades responde o teatro infantil? O que o distingue do teatro sem adjetivo? Qual a visão de mundo que ele veicula? Maria Lúcia de Souza Barros Pupo, No Reino da Desigualdade, se detém nessas questões, ao examinar um bem cultural cuja expansão nas últimas décadas é facilmente verificável. A análise da dramaturgia dedicada à infância e encenada em São Paulo nos anos setenta, inaugura em nosso meio uma reflexão relevante, visto que problematiza uma modalidade específica do fazer teatral, cuja razão de ser é a crescente diferenciação social entre as gerações. Por outro lado, ao investigar a produção cênica para crianças levadas em nossos palcos durante um período decisivo para a compreensão da atualidade, o presente estudo também contribui, com um segmento importante, para a reposição histórica do quadro do teatro infantil entre nós. Os surpreendentes resultados dos desbastamento aqui efetuado são de molde a provocar a reavaliação crítica e a mudança de postura, não só daqueles que, na produção dramática, estão voltados para o público desta faixa etária, como daqueles que estão tentando, no complexo domínio da intersecção, desenvolver a relação entre teatro e educação. Atores, diretores, educadores e espectadores encontrarão nas páginas deste livro uma fonte do maior interesse para a sua visão e revisão do espaço da teatralização para crianças.