Além do Rio, a Gota D’Água: Nossas Medeias vai além de reflexões acadêmicas. Ultrapassar as margens desta obra é resgatar, por meio das comparações das peças teatrais, Além do Rio, Medea (1957) e Gota D’Água (1975), a Medeia que habita dentro de nós. Não a infanticida, cruel e implacável, mas sim aquela que resiste a toda sorte de adversidades, sejam elas psicológicas ou sociais. Pois bem: é fazer uma travessia pelos elementos formadores de nossa cultura, principalmente de matriz africana e portuguesa, reveladores de aspectos imersos num dos muitos conceitos de povo brasileiro. Povo cansado de esperança, concedida gota a gota, só para a coisa acalmar. Acima de tudo isso, atravessar estas páginas é mergulhar no universo ficcional, repleto de expectativas (mesmo que frustradas) de que todos os orixás do Olimpo, junto à Virgem e ao Padre Eterno, possam livrar-nos de tantos Creontes, poderosos que acabam com a nossa festa; homens prontos a derramar a última gota, num recipiente já [...]