As tensões entre tempo e espaço, entre tempo, espaço e poesia, os limites desses conceitos ou suas possíveis articulações são demandas que estão longe de um consenso na literatura. Além disso, este não é um livro sobre um determinado tempo/espaço como o leitor pode imaginar nas primeiras páginas ou mesmo pelo título. Mas sim a abertura de uma perspectiva de um movimento de leitura como provocação a ideia de uma poesia temporal que, para acender ainda mais as dúvidas - como deve ser a boa literatura - traz o amor como tema central, como mote, como enredo, e se desenvolve quase que exclusivamente ao redor de duas personagens. Ainda assim, a autora consegue fazer dessa mistura tão suspeita e de aparência tão simples, algo universal e ao mesmo tempo, ainda inexplicável, por mais explorado que já tenha sido. Porque Nestes dias impossíveis, há ligações nem sempre harmônicas entre o sonoro e o sentido, entre o ritmo, a imagem, a sintaxe e a materialização do pensamento.