Cínicos, decadentes, provocadores, os contos de João do Rio refletem o momento de transformação do Rio de Janeiro, ao influxo das reformas de Pereira Passos, nas duas primeiras décadas do século XX. Sob as mãos firmes do grande prefeito, a velha cidade de traçado colonial, imunda, ia se transformando numa metrópole moderna, de ruas largas e limpas, cujo símbolo é a abertura da Avenida Central. "O Rio civiliza-se" era a frase mais dita durante a belle époque.Na cidade iluminada a eletricidade, onde os primeiros automóveis desfilavam na assustadora velocidade de 30 km, melindrosas e almofadinhas se exibiam à porta das confeitarias e pela rua do Ouvidor. Surgiam os chamados vícios elegantes, como a cocaína, multiplicavam-se os bordéis e as casas para encontros amorosos clandestinos. A febre de mundanismo, a "vida vertiginosa" dominava a cidade.João do Rio foi o cronista admirável desse universo, retratado também em reportagens escritas em estilo ágil e vibrante, que renovaram o [...]