A Páscoa é a festa das festas, a solenidade das solenidades, e deveríamos comemorá-la transbordantes de alegria: Celebremos, pois, a festa..., diz-nos São Paulo (1 Cor 5, 8). Mas, ao passo que no Natal os fiéis trocam espontaneamente sorrisos e votos de felicidade, na manhã da Ressurreição não nos dão a impressão de respirar uma atmosfera de vitória. A Páscoa cristã é a prodigiosa "passagem" do Senhor Jesus Cristo, cabeça da humanidade, que nos libertou da tirania de Satanás e nos introduziu na nossa verdadeira Pátria. O cordeiro pascal que os israelitas compartilhavam num repasto sagrado em ação de graças pela sua libertação do cativeiro no Egito não era senão a figura do "verdadeiro Cordeiro", cujo sangue nos redimiu e que tomamos como alimento na Eucaristia, sacramento da nossa Redenção. Seremos capazes de conter a nossa alegria? Éramos uns infelizes cativos, submetidos a Satanás, e Cristo abriu-nos as portas da nossa prisão. Fez-nos passar do campo de concentração para o país da liberdade. Éramos náufragos destinados aos abismos infernais e, quando nós nos debatíamos nas águas do dilúvio em esforços inúteis, o braço de um Barqueiro intrépido nos agarrou e nos arrancou ao sorvedouro. O nosso Libertador, o nosso Barqueiro, é Cristo que se imolou por nós. O termo glorioso do seu sacrifício fez-nos passar do pecado para o amor, da sombra para luz, da morte para vida, da vida natural sempre tributária da morte para a vida sobrenatural que não conhece declínio.