A geopolítica está de regresso. A crise financeira e económica internacional que se projetou sobre a Zona Euro e o referendo britânico para saída da União Europeia abalaram os alicerces da construção europeia lançados no Pós-guerra Mundial. No mundo exterior, uma sucessão de acontecimentos despertou os europeus para a turbulência em curso às suas portas, na periferia Leste e Sul. A anexação da Crimeia pela Rússia e a guerra no Leste da Ucrânia, a tentativa de golpe de estado na Turquia, a guerra na Síria e os múltiplos e intrincados conflitos do Médio Oriente - do Iraque, da Líbia e do Iémen -, são acontecimentos demasiado próximos para poderem ser ignorados. Numa era de globalização, a geopolítica europeia está, mais do que nunca, ligada ao Leste euroasiático, ao Sul do Mediterrâneo e ao Médio Oriente. Mas estas duas últimas regiões estão em explosão demográfica e convulsão política quase permanente. Grupos islamistas-jihadistas como a Al-Qaeda e o Daesh banalizam a violência e o terror. Ao mesmo tempo, uma imparável vaga de refugiados e migrantes ruma à Europa rica, aumentando as tensões intraeuropeias. No mundo do século XXI, a paz perpétua de Immanuel Kant continua a ser um ideal longínquo.