A projeção da moral sobre a política, assim, mais que o resultado da renúncia à Revolução e a capitulação em busca de reformas morais, foi a perfeita tradução de sociedades que deixaram para trás o seu aspecto solidário e privilegiaram as pautas pessoais (como a de combate à corrupção individual na política), em negação às críticas estruturais que não se explicam pelo individualismo metodológico. Numa conjectura atraente, podemos afirmar que a política moralizada, seguindo uma ampla tradição cristã, seria o máximo que a razão neoliberal poderia conceder. Ao buscarmos, todavia, as origens remotas desses fenômenos, a partir de uma análise conceitual refinada, ancorada em literatura seminal, temos na presente obra um debate teórico estimulante sobre os ideais políticos liberais, suas origens, suas instituições e suas possíveis consequências e dilemas no atual contexto de crescente judicialização da política e de aprofundamento das desigualdades sociais.