Minha energia vem do movimento do chacoalhar dos ônibus, do barulho dos aviões, do balançar das balsas e dos trens", escreve a narradora deste livro único, que investiga as possibilidades do gênero romanesco para falar sobre o corpo, o mundo e as estratégias sempre insuficientes com as quais tentamos mapeá-los. Inquieto como ela, Correntes não para nem por um segundo: de ônibus, avião, trem e barco, o texto a acompanha em saltos de país em país, de tempos a tempos, de história a história, compondo um panorama do nomadismo moderno. E são os vestígios da nossa batalha com o tempo que a autora observa nos quatro cantos do mundo: das figuras de cera dos museus de anatomia aos meandros da internet, passando por mapas e planos de fuga. Correntes mobiliza e encena nossas grandes inquietudes, como a história de Kunicki, que, durante as férias, é obrigado a enfrentar o desaparecimento da esposa e do filho, assim como seu reaparecimento enigmático e enlouquecedor. Ou o da bióloga que [...]