Com rigor documental e agilidade narrativa, Ignácio Martínez de Pisón ilumina um capítulo obscuro da história contemporânea. Em ENTERRAR OS MORTOS, ele retrata um dos mais importantes conflitos do século XX, ocorrido a sete décadas. Em um trabalho que mistura reportagem histórica com traços de romance policial, Pisón reconstrói a Guerra Civil Espanhola, embate que defrontou os nacionalistas, dirigidos pelo general Franco, e os republicanos, enfraquecidos pela oposição entre os anarquistas e os comunistas. Pisón leu centenas de livros, recorreu a arquivos de diversos jornais, consultou diários e entrevistou alguns dos protagonistas desse relato para escrever ENTERRAR OS MORTOS. Somente assim conseguiu reconstruir uma história muitas vezes mal contada. Com absoluto domínio de ritmo e narrativa, Pisón nos convida a acompanhar as investigações, conjecturas e hipóteses que permitem, por fim, desvelar a verdade. Ele escolhe, como fato representativo do conflito, um episódio sinistro da guerra civil: a morte de Jose Robles Pazos, professor de espanhol de uma universidade americana que, ao eclodir o conflito, se coloca à disposição do governo legítimo. Através da amizade de Pazos - esse republicano convicto, que nunca pertenceu a um partido político e que morreu nos cárceres stalinistas de uma Espanha mergulhada na guerra civil - com o escritor norte-americano John Dos Passos, Pisón revela uma Europa em crise, no período entre as duas Guerras Mundiais (1918 e 1939), o desencanto de intelectuais com o capitalismo e as disputas políticas entre democratas, fascistas e esquerdistas de vários matizes. Mas fala também de inquietações culturais, de pequenas conspirações e de solidariedade.