Considerado o maior dramaturgo ocidental, além de ator e poeta, William Shakespeare nasceu em 1564, em Stratford-upon-Avon, uma cidade da Inglaterra situada no condado de Warwickshire. Entre os anos de 1585 e 1592, ele se mudou sozinho para Londres e, neste novo centro cultural e político da Inglaterra, evoluiu como artista e ampliou sua visão política. Sua obra se inicia com o único gênero que ele criou: a dramaturgia histórica. Apesar de estar conectado ao seu tempo e à sua cultura, em termos históricos, Shakespeare acabou por transcender a sua própria época, tornando-se atemporal em virtude de os seus mais de 800 personagens incorporarem nossas emoções e complexidades humanas. O mundo mudou: tornou-se mais intrincado em termos políticos, sociais, tecnológicos e econômicos, mas os núcleos da interação humana e os elementos psicológicos permaneceram constantes. É nesse contexto que localizamos a importância da temática do poder e da autoridade jurídica nas peças de Shakespeare. Os temas da legitimidade do poder jurídico, da violência e o aspecto político do homem perpassam pelas obras do dramaturgo, evoluindo em complexidade com o passar dos anos e com o amadurecimento do autor. O intuito deste livro é fazer uma análise interdisciplinar da legitimidade do poder jurídico-político, estabelecendo um diálogo entre quatro peças de Shakespeare e teorias contemporâneas que destacam o elemento interativo do poder, vinculado ao uso da comunicação, que superam as visões dogmático-jurídicas tradicionais.