Karl-Otto Apel elaborou uma ética filosófica no contexto da preeminente reviravolta linguístico-pragmática da filosofia transcendental. Ao recorrer à linguagem como medium de toda comunicação - condição intransponível de possibilidade e validade da argumentação com sentido, portadora de normas tomadas em consenso em uma comunidade ilimitada de comunicação -, fundamentou uma ética universal para o mundo contemporâneo. Para isso, percorreu um longo caminho de discussão e superação com os mais tradicionais sistemas da filosofia ocidental, em busca de uma fundamentação racional para a sua proposta ética, denominada Ética do Discurso. Como será possível identificar nesta obra, o esforço de Apel é pensar a natureza própria da razão (factum da argumentação) e da verdade (com sentido e validade), o que implica a fundamentação da ética. Ao fazer um diálogo entre a hermenêutica fenomenológica de Heidegger e Gadamer e a semiótica de Peirce, Apel edifica a transformação pragmático-transcendental da filosofia. Para ele, a filosofia será, propriamente, reflexão transcendental de todo pensar, dialogicamente; a Ética do Discurso, uma ética intersubjetiva, de caráter a priori pragmático-transcendental, solidária e universal, portadora de consenso, verdade e responsabilidade.