Analisa-se nesta obra porque a infraestrutura ferroviária sul-americana é tão pouco integrada. O pressuposto básico é que a inexpressiva participação ferroviária no processo de integração regional está relacionada ao tipo de desenvolvimento econômico e social realizados historicamente nos países da região. As ferrovias sul-americanas contribuíram, até meados do século XX, para a integração tanto nacional quanto intrarregional, através da expansão de linhas em âmbito nacional e pela construção de conexões internacionais, que estimulavam a possibilidade de trânsito de passageiros, de mercadorias, animais ou pequenas expedições, na região. No entanto, a partir da década de 1950, observa-se a desativação de parcela significativa de linhas e serviços do modal ferroviário sul-americano, que foi submetido pela intervenção estatal a um processo de reinvenção de seu modelo de negócios que, após décadas de controle e readequação administrativa, acabou por, novamente, estimular a volta de investidores privados ao setor: na Argentina, com programa nacional de privatização a partir de 1989, no Chile, em 1992. No Uruguai, a desregulamentação do setor começara em 1995. No Brasil, entre 1996 e 1998; na Colômbia e no Peru, a partir de 1998.