A sofreguidão do homem moderno de sempre querer além, de sempre estar faltando algo, nos mergulha num movimento desnorteado, perdido nas ambições cotidianas. Nesse momento de máximo poder do saber, em que a técnica pode tanto e tão pouco, insinua-se algo diferente - parece que foi preciso chegar à aridez do deserto para daí suceder uma grande lembrança. O esvaziamento do horizonte remete o pensamento a um acontecimento originário, à experimentação de um principiar. Conduz a esse instante privilegiado de contemplação, vivenciado pelos primeiros pensadores, em que tudo se realiza e aparece na passagem arcaica do nada ao mundo.O princípio que se pretende meditar neste livro não se limita a algo que já aconteceu no esquecimento do tempo, mas àquele que pode nos manter acesa a chama de todo aparecimento, na presença de uma ausência que se retraiu. Esse é o sentido da escuta do ser em nossa errante contemporaneidade.