Esta obra trata das negociações em curso a respeito da "normalização" de práticas sexuais que foram objeto de intensa rejeição no passado, como o adultério, a sodomia e o homoerotismo. Tais negociações articulam-se simultaneamente com o aparecimento de novas fronteiras e convenções sociais com a criminalização e a patologização de outras práticas, como a violência sexual ou a pedofilia. No quadro desse gradual deslocamento de fronteiras, como lerão as ciências humanas as convenções que compõem essa normalização e a criminalização de práticas que, embora envolvam questões relativas ao direito à livre expressão da sexualidade, provocam reações violentas, evocando a possibilidade de estarmos frente a uma nova onda de pânico sexual? Quais são as contribuições que a produção inspirada nos movimentos homossexuais e feministas oferecem para pensar a construção desses limites? E, finalmente, será possível traçar alguma singularidade no que se refere aos saberes criados em torno desses processos no Brasil? Os textos que integram este livro oferecem elementos para responder a estas questões, explorando as convenções presentes nas ciências normativas que tratam da sexualidade e considerando como elas atravessam a reflexão teórica, as práticas médicas e jurídicas e a pesquisa sociológica sobre sexualidade no Brasil.