A atividade missionária, nos diversos contextos em que se estabeleceu, construiu uma perspectiva antropológica particular da diversidade cultural, registrada por uma considerável obra etnográfica. Fonte de inspiração para historiadores, linguistas e antropólogos, ela promoveu a convergência entre modos bastante distintos de ver e estar no mundo e traduziu, simbolicamente, a alteridade em diferença. Os resultados dessa tradução são sempre imprevisíveis, uma vez que a significação não é gerada simplesmente pela lógica cultural, mas depende de projetos, intenções ocasionais, eventos e agentes situados. A partir de momentos distintos da atividade missionária no Brasil, Selvagens, Civilizados, Autênticosanalisa as descrições da vida indígena em diferentes monografias salesianas, a fim de decodificar o conjunto de regras que organizam seus modelos de representação e as formas recíprocas de apropriação simbólica que decorre da interação entre os autores e seus principais informantes.