O mercado livreiro está repleto de manuais de Economia. Restava um espaço para uma obra sobre elementos de economia política, que se inscrevesse numa tradição europeia humanista. A obra de Jacques Nagels preenche essa lacuna. O economista tem um dever de modéstia. Como qualquer disciplina científica, a economia política tende para a verdade. A verdade é una. As conclusões a que chegam os economistas são múltiplas, mesmo contraditórias. Inúmeras previsões provaram estar erradas. Nestas circunstâncias, a arrogância não é aconselhável. Impõe-se a modéstia. O economista tem também o dever de criticar a sua própria disciplina. Com demasiada frequência, nestes últimos anos, defendeu ideias revestidas de novas aparências que mal escondem o seu carácter arcaico. Em nome da ciência, que se confunde com o pensamento liberal neoclássico, bateu-se em nome de preceitos que tiveram um impacto social dramático no Sul, no Leste e no Ocidente. É portanto altura de deixar de consagrar, através da palavra, das fórmulas, dos modelos, a metamorfose do capitalismo civilizado em capitalismo desenfreado. Deveria tomar como sua a ideia avançada por H. Lacordaire durante a revolução de 1848 em França: "Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o amo e o servo, é a liberdade que oprime e a lei que liberta." Este livro está conforme a esta filosofia, a esta ética. Procura colocar a ferramenta conceptual dos economistas ao alcance dos estudantes e do homem seriamente curioso e apresenta uma explicação dos grandes problemas económicos e so-ciais do nosso tempo.JACQUES NAGELS, professor de Economia Política na Universidade Livre de Bruxelas, promove pesquisas no centro deste "laboratório social" que é a Bélgica, testemunha privilegiada da evolução do capitalismo na aurora do terceiro milénio.