Os personagens, em diversos feitios de gente, estão na cidade, no interior ou em lugar nenhum: um senhor desconhecido observado pela dona de um café; a perspectiva de vida de uma senhora de 90 anos; o jogo de imaginação de uma pessoa em uma sala de espera; a viagem libertadora de uma mulher divorciada; a solidão de uma zeladora são alguns dos temas focados pelo olhar que parece despretensioso, mas é uma aguda forma de mostrar o mundo. Um olhar tão enigmático quanto da Monalisa. Lisana revela que a observação da vida cotidiana a inspira. Acho que é uma característica minha. Nada me escapa. Uma amiga me disse que tenho um radar no olho. Às vezes, a realidade objetiva pode não estar no meu foco, mas, como diria Machado de Assis, a verdade pode estar nas entrelinhas. Todos os sentimentos que emanam das relações entre as pessoas e consigo mesmas me interessam, observa. Lisana Bertussi foi professora de literatura e pesquisadora. Já publicou 13 livros e foi patrona da 32ª Feira do (...)