Stephen Crane (1871-1900) pode ser considerado o primeiro escritor norte-americano moderno. Romancista, poeta, Crane deixou uma longa série de contos, dentre os quais "O Monstro", "O Hotel Azul", e "As Novas Luvas de Horace", agora dados à estampa, pela primeira vez, em língua portuguesa. Publicado em 1898, na Harper's New Monthly Magazine, "O Monstro" incide na temática da transformação do homem em coisa, traçando o retrato cruel de Whilomville, pequena comunidade imaginária, reflexo da desfiguração de Johnson, personagem sem rosto. "O Hotel Azul" é de certa forma complementado pela última história, revelando a impossibilidade da fuga a um estado dependente, o da infância, e às forças sociais que, de modo trágico, moldam o destino de cada indivíduo. Stephen Crane deixa nas suas narrativas a marca irônica da natureza humana. E morre, vitimado pela tuberculose, antes de ter completado 29 anos.