Partindo do exame cuidadoso e aprofundado de fontes históricas e etnográficas, a autora enfoca um período, no século 19, em que numerosa população indígena "desapareceu" em Minas Gerais, assim como em todo Brasil. O exame da história dos índios, focalizando a tragetória dos grupos denominados Botocudos, revela a implantação de um modelo "civilizador" de administração indígena que se, de um lado, fornece visibilidade aos mecanismos através dos quais este processo de "desaparecimento" foi planejado e efetivado, de outro, expõe seus malogros, observáveis nas situações e práticas cotidianas nos aldeamentos. O estudo é enriquecido pela análise de episódios como os envolvidos na revolta dos índios considerados "civilizados", após vinte anos de catequese missionária, vistos como metáfora das relações de contradição existente entre as forças atuantes para integração nacionalizadora e as que deflagram movimentos de divisão, que lutavam para a recuperação da autonomia local. Constitui-se obra importante que se posiciona dentro da tendência moderna e revisionista da pesquisa antropológica através da história dos índios e do indigenismo.