Num cenário pontilhado de reminiscências de lugares, situações, personagens, surge um pai descrito, louvado, admirado, amado. Reclamado pela filha caçula de uma prole de sete. Mônica, uma mulher, filha de quem é, dura na queda, firme e determinada. Mônica, filha de quem é, uma mulher sensível, inquieta, que só poderia se ter tornado poeta. Uma mulher, como o pai, os pais, plena de contrastes. Destas páginas resulta poeticamente claro - pelo fato de ter feito uma opção muito consciente pela vida pública, aliado, por uma questão de temperamento, a uma certa dificuldade de lidar com a intimidade do afeto, Montoro foi um pai, digamos, insuficiente para as demandas afetivas da filha poeta - 'Meu pai era público, famoso, formal, quase uma miragem, uma imagem virtual.' Não é um registro de lamento, mas de compreensão - 'Desconto o cafuné que você não me deu com as mãos, mas com a coragem de toureiro'. O talento da filha faz surgir destas páginas um grande homem maior e melhor, porque completo na sua extraordinária e complexa dimensão humana.