A primeira coisa que me disseram sobre o Miguel foi que escrevia bem. Além disso, só sabia que era jornalista e vivia em Almada. O facto de ser muito jovem tornava intrigante a sua presença regular na secção de cultura do i, ostentando já metade do volume de barba que o caracteriza. Mas o que mais me impressionou foi a sua dedicação ao teatro que se fazia em Portugal, tão intensa no que dizia respeito aos consagrados como a quem estava a começar. A forma apaixonada como escrevia transformava os seus artigos em textos para coleccionar aliás, não tenho dúvidas de que um dia alguém vai acabar por reconhecê-los como uma importante fonte para se perceber estes anos de teatro português. Tornámo-nos amigos. Do i, foi para a Time Out, onde continuava a escrever sobre teatro. O seu estilo informal assentava bem na revista, mas o espaço era reduzido para quem deseja liberdade. A certa altura, após uma conversa que moderou com companhias recém-formadas, fez-nos uma revelação: tinha uma (...)